terça-feira, 19 de maio de 2020

4.ª Conferência | A Cultura libertina na constituição da Lisboa Liberal | Rui Sousa | 27 de Maio



27 de Maio | 18hEm directo do Facebook do Museu de Lisboa e do canal de Youtube do Instituto de História Contemporânea
'Abomináveia producções da incredulidade e da libertinagem'. A Cultura libertina na constituição da Lisboa Liberal.Rui Sousa (CLEPUL, Universidade de Lisboa)


Resumo
O momento no qual se começou a manifestar e finalmente se consolidou o ambiente ideológico definidor do liberalismo oitocentista em Portugal correspondeu, em muitos aspectos, ao encontro com o pensamento europeu contemporâneo, ou, mais propriamente, com o conjunto de metamorfoses que haviam despontado desde o Renascimento, com especial persistência a  partir do século XVIII. Os pontos de vista libertinos, ou pelo menos o conjunto de propostas e práticas associadas à libertinagem pelo pensamento dominante, contam-se entre os mais representativos no âmbito das querelas implicadas na constituição de um novo ideal de ser humano e de sociedade, mesmo que alguns dos pontos de vista tipicamente libertinos tenham sido apropriados pelo movimento enciclopedista, cujos principais representantes recusaram a etiqueta ‘libertin’, propondo alternativas mais consensuais, nomeadamente ‘philosophe’. Em Portugal, a resistência aos novos valores processou-se, em grande medida, em função de uma recusa generalizada, através de um procedimento de agrupamento dos autores, livros, ideias, práticas e questionamentos considerados ameaçadores para o modelo de sociedade própria do Antigo Regime. Os intelectuais associados aos novos ventos filosóficos, quer anteriores às lutas liberais, como José Anastácio da Cunha, Cavaleiro de Oliveira ou Bocage, quer os mais icónicos representantes do vintismo literário, como Almeida Garrett, foram apodados de libertinos. Na obra de censores oficiais, como José Agostinho de Macedo, é evidente a tendência para a classificação dos espíritos divergentes de acordo com o modelo de libertinagem vigente na Europa desde o influente livro de François Garasse, La Doctrine curieuse des beaux esprits de ce temps, ou prétendus tels (1623-1624). São estas recepções críticas e as respectivas consequências no debate ideológico afim do debate político da época que abordaremos nesta sessão.

CV
Rui Sousa (1985–) concluiu Licenciatura em Estudos Portugueses e Mestrado em Estudos Românicos – Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea – pela FLUL, tendo também concluído recentemente Doutoramento em Estudos de Literatura e de Cultura pela mesma universidade, com uma tese dedicada ao conceito de Libertino em Luiz Pacheco. Investigador do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (CLEPUL). Publicou ensaios sobre
Fernando Pessoa, Ronald de Carvalho e Eduardo Guimaraens na antologia 1915 – O Ano do Orpheu, coordenada por Steffen Dix, e em números recentes da Pessoa Plural. Colabora no projeto do CLEPUL dedicado ao estudo da Cultura Negativa, nomeadamente no Dicionário dos Antis (2018). Coordenou um livro dedicado ao período entre 1912 e 2012 na Literatura Portuguesa, A Dinâmica dos Olhares – Cem Anos de Literatura e Cultura em Portugal, em parceria com Ernesto Rodrigues (2017). Coordenou a preparação dos Congressos Internacionais Portugal no tempo de Fialho de Almeida (2011) e Surrealismo(s) em Portugal – nos 60 anos da morte de António Maria Lisboa (2013). Fez parte da Comissão Organizadora do Congresso Orpheu 100 (2015).

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