quinta-feira, 19 de outubro de 2017

8.ª Conferência: "O presságio d'alva como que tornou a cidade mais sonora": sons, espaços e vida quotidiana em Lisboa no final da Monarquia Constitucional.

s/a, 1891, Rossio 
(Arquivo fotográfico CML)

A próxima conferência estará a cargo do investigador de musicologia João Silva e intitula-se "O presságio d'alva como que tornou a cidade mais sonora": sons, espaços e vida quotidiana em Lisboa no final da Monarquia Constitucional. Deixamos aqui também, como habitual, a referência para um artigo com temática semelhante à da conferência e um resumo. Será no próximo dia 30 de Outubro, pelas 18h, na sede da UACS (rua Castilho, 14, Lisboa).

Joshua Benoliel, 1907
(Arquivo fotográfico CML)

Resumo: Lisboa é uma cidade de muitos sons. É impossível percorrê-la sem sermos bombardeados por um conjunto heterogéneo de sons vindos de múltiplas direcções. Esta conferência aborda o papel do som na vida quotidiana dos lisboetas no final da Monarquia Constitucional. Nesse período, uma nova visão de planeamento urbano, associada a um processo transnacional de modernização das cidades, transformou profundamente o som da cidade. A substituição do Passeio Público pela Avenida da Liberdade, com os novos sons de eléctricos, comboios e automóveis é disso um bom exemplo. Nesse processo, vários espaços de entretenimento, como teatros e circos, foram demolidos, dando lugar a novos edifícios no boulevard. Os coretos tornaram-se parte do mobiliário urbano dos jardins, suportando bandas filarmónicas. Abriram teatros e animatógrafos, com novas formas de entretenimento popular centrado em géneros como o teatro de revista. Contudo, a "velha Lisboa" não desapareceu. A cidade que acordava com os sons dos mercados e dos pregões de vendedores ambulantes e que se deitava já fora de horas nas tabernas da Mouraria continuou a existir. O São Carlos continuou a apresentar óperas e os seus trechos mais famosos circulavam pelos bairros da cidade, através dos homens do realejo. Estas camadas sobrepunham-se entrelaçavam-se e sucediam-se, criando uma banda sonora muito heterogénea da vida quotidiana da cidade.

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